Três especialistas indicam tendências para a educação em 2016

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Já indicamos por aqui estratégias para ajudar os professores a serem bem-sucedidos em inovar na sala de aula (leia neste link). Agora listamos, com a ajuda de três especialistas, as tendências relativas a tecnologias educacionais, matrizes curriculares e formas de pensar a educação que devem ganhar mais importância a partir de 2016.
Lilian Bacich, consultora do Instituto Península e coordenadora do curso online “Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação”, parceria entre o Instituto e a Fundação Lemann:
“Personalização do ensino é uma das tendências que devem ser levadas em consideração em 2016. Para isso, cada vez mais é importante a reflexão sobre as ações de ensinar e aprender. As metodologias ativas – aquelas que envolvem os estudantes no processo, levando-os a abandonar a postura passiva de recepção de informações em favor de uma postura ativa de construção de conhecimentos – se destacam nesse processo, pois não é suficiente coletar os dados e compreender os perfis dos alunos se essas informações não forem convertidas em situações ativas de ensino e aprendizagem. Dentre essas estratégias podemos incluir a resolução de problemas, o aprendizado baseado em projetos, o TBL (team based learning), além das estratégias do ensino híbrido.
Reflexão sobre o uso integrado das tecnologias digitais nos processos educacionais é outro aspecto que deve ser valorizado. A cada ano, temos mais recursos que podem ser explorados em sala de aula, porém a sua utilização deve estar apoiada em um projeto pedagógico adequado e que atenda aos objetivos de aprendizagem. O uso das tecnologias digitais não deve ter um fim em si mesmo e as instituições inovadoras têm percebido cada vez mais o potencial de uma educação híbrida, que valoriza diferentes recursos para envolver os estudantes nas ações de ensinar e aprender. Como recurso com potencial para ser integrado aos projetos, destaco o Google Expeditions, que oferece excelentes experiências em realidade virtual, mesmo sem conexão com a Internet, e que pode ser bem aproveitado se apoiado em um planejamento adequado”.
Fernando Rosario de Sousa, professor de História e Filosofia do Colégio Internacional EMECE e Consultor em Tecnologia Educacional da Foreducation:
“Acredito que a elaboração de sínteses de ideias será cada vez mais necessária em um mundo saturado de tanta informação. Assim, a habilidade em elaborar mapas mentais, infográficos, esquemas e resumos, individual e colaborativamente, quer por meios digitais ou analógicos, será cada vez mais utilizada na Educação.
Também acredito que o bom humor em um ambiente que está ficando extremamente competitivo será o diferencial para quem quiser manter o ritmo, a constância e a perseverança tanto no ensinar, como no aprender (será que são diferentes?). Quem souber fazer bom uso de ironias, metáforas e improvisações se destacará”.
Rita André, coordenadora pedagógica da Geekie:
É uma tendência mundial que os currículos se estruturem em torno das chamadas Competências para o Século 21 – aquelas que preveem os desafios a serem enfrentados na atualidade e no futuro pelos adolescentes nascidos neste século. Esse novo contexto faz com que as competências tenham que ir além do tradicional domínio de números e linguagem e considerem o desenvolvimento dos estudantes em diversas esferas (intelectual, social, emocional, física). Desta forma, é importante que cada território reflita sobre quais são as Competências para o Século 21 mais pertinentes aos seus alunos. Alguns exemplos: criatividade, resiliência, inovação, resolução de problemas complexos, autoconhecimento, coragem, colaboração, compreensão da interculturalidade.
Há várias formas de composição curricular, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam que os modelos multidisciplinar e pluridisciplinar, marcados por uma forte fragmentação e dominantes na escola brasileira, devem ser substituídos, na medida do possível, por uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar. Interdisciplinar significa que os campos do saber, ou disciplinas, sejam interdependentes e conversem entre si, fazendo com o que o conhecimento deva ser integrado. Em outras palavras: o que se ensina em matemática tem a ver com o ensinado em física ou mesmo em português. Transdisciplinar envolve que haja livre trânsito de um campo do saber para outro, ultrapassando a concepção de disciplina e enfatizando o desenvolvimento de todas as nuances e aspectos do comportamento humano. Com base nessas formas de composição curricular, os Parâmetros Curriculares Nacionais introduzem os temas transversais que, tomando a cidadania como eixo básico, vão tratar de questões que ultrapassam as áreas convencionais, mas permeiam a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas dessas áreas. Essa transversalidade supõe uma transdisciplinaridade, o que vai permitir tratar uma única questão a partir de uma perspectiva plural.
Por fim, é importante que a escola ensine o adolescente a estabelecer relações entre a sua experiência cotidiana e os conteúdos escolares, ampliando, assim, o seu universo de referência. Desta forma os alunos estarão mais engajados em seu próprio aprendizado e a escola fará mais sentido. A escola tem o papel de, acima de tudo, fornecer as condições para que seus alunos participem da formulação e reformulação de conceitos e valores, tendo em vista que o ato de conhecer implica incorporação, produção e transformação do conhecimento para o exercício de uma cidadania responsável”.
 

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