Tendências na educação: é tudo novidade?

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Tendências na educação e as influências de grandes educadores

Muitas das tendências na educação que vemos hoje não são tão novas assim. Educadores renomados já defendiam o aprendizado através da interação com o outro, o protagonismo dos alunos e até mesmo a relação com o contexto para ressignificar o conteúdo – isso desde o fim do século 19! Um dos exemplos é a Escola Nova, movimento que se propôs e revolucionar o ensino (não apenas no Brasil), defendendo que o papel da educação seria formar cidadãos democráticos e aptos a refletir sobre a sociedade. Daí veio a famosa frase: “a escola não é a preparação para a vida, é a própria vida”, de John Dewey. Soa familiar?

Quando analisamos as correntes pedagógicas da época, é possível perceber sua relação com as consideradas tendências na educação na atualidade. Por isso, retomamos alguns nomes importantes e quais abordagens, hoje, podem ser melhor exploradas com tecnologia.

Interação: Vygotsky

Se hoje se fala sobre a importância de crianças e jovens aprenderem com o outro, em atividades coletivas e interações com professores e colegas, muito se deve a Vygotsky. O  estudioso russo, formado em História, Filosofia e Direito, dedicou sua vida a investigar o processo de aprendizagem.

Já no início do século 20, Vygotsky dizia que o desenvolvimento cognitivo só acontece através da interação entre duas ou mais pessoas. Esse contato, explica, proporciona a troca ativa de ideias e a geração de novas experiências, o que origina o conhecimento. Um termo que ficou famoso por causa de Vygotsy foi  ZDP (ou Zona de Desenvolvimento Proximal), que significa a distância entre aquilo que uma pessoa já sabe e aquilo que ela tem potencial para aprender. É nesse intervalo que o aprendizado acontece.

E onde entram as tendências na educação? Com a democratização das tecnologias digitais, interação passou a significar não apenas o contato presencial entre professor e alunos, mas também todas as trocas possibilitadas pelos ambientes online.  A evolução mais óbvia é que o contato é estendido a pessoas em diferentes localidades através de ferramentas de comunicação; porém, pode ir além disso. Experiências simuladas por meio de um jogo, um tour virtual ou um bate-papo transmitido em tempo real são novas formas de interação somente alcançadas pela tecnologia.

Para as escolas, o desafio é pensar e planejar um equilíbrio entre o aprendizado offline e online, oferecendo aos alunos a oportunidade de interagir nos mais diversos meios. Primeiro, porque a alternaça dos recursos captura a atenção dos jovens e se assemelha ao seu ritmo natural; também, porque ajuda que cada estudante identifique aquelas ferramentas que mais facilitam sua compreensão.

Aprendizagem personalizada: Paulo Freire

Uma das maiores referências na educação brasileira, Paulo Freire é lembrado por seu trabalho de alfabetização de adultos: enquanto outros professores replicavam as cartilhas infantis, ele desenvolveu uma abordagem que identificava, através do diálogo, aqueles saberes que o aluno já possuía e o contexto em que vivia quando fora da sala de aula. Assim, a alfabetização fazia sentido dentro da realidade de cada um deles, ao invés de repetir frases prontas como a famosa “vovó-viu-a-uva”.

A personalização do ensino-aprendizagem, uma das mais fortes tendências na educação, está em foco e consegue alcançar níveis mais elevados com o suporte da tecnologia. Plataformas como o Geekie Lab, que dão aos estudantes avaliações diagnósticas, um plano de estudos personalizado e acompanham seu ritmo, podem facilitar essa empreitada. Afinal, é uma forma mais rápida de o gestores e professores acompanharem a evolução de cada um dos estudantes para, conforme os resultados, realizar mudançar que realmente facilitem o aprendizado.


Plataformas de aprendizagem personalizada permitem o acompanhamento individual de cada aluno sem esgotar o tempo do professor.

Acima de tudo, Freire ficou famoso pela sua “pedagogia do oprimido”, em que defende a educação como caminho para a liberdade. Para ele, ensinar significa questionar, buscar e construir – até que os alunos, empoderados, conquistam autonomia para transformar suas realidades.

Por incrível que pareça, ainda somos lembrados constantemente de que o aprendizado deve ser contextualizado, conversar com a realidade do aluno; portanto, se o discurso é assim tão insistente, isso não está acontecendo na escola como regra. A tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para conectar estudantes com sua comunidade: desde gravando um vídeo que conscientize sobre a necessidade de se economizar água até desenvolvendo um aplicativo que diminua as filas do SUS.

Pensamento crítico: Anísio Teixeira

No início do século 20, Anísio Teixeira trouxe para o Brasil a filosofia de John Dewey, de quem foi aluno nos Estados Unidos. Eram ideias que colocavam o aluno como centro do processo de ensino-aprendizagem e valorizavam o pensamento crítico, a reflexão e construção de um conhecimento em oposição à memorização de conteúdos. Sabe a história de que o professor não deve ser um mero transmissor de conhecimento? Já estava presente na Escola Nova, movimento europeu e norte-americano que inspirou Teixeira, e no Manifesto dos Pioneiros da Educação, que ele assinou em 1932.

Faz tempo? Bastante. Naquela época, Teixeira já defendia que o papel da escola não era somente apresentar datas e fatos, e sim exercitar atitudes, senso crítico e autonomia. A escola deveria criar cidadão capazes de pensar com clareza, fazer escolhas executar seus próprios projetos – o que só aconteceria se o aprendizado fosse guiado pelos interesses de cada aluno!

Todas as capacidades descritas acima se enquadram nas “habilidades para o século 21”, tendências na educação que combinam o desenvolvimento cognitivo com o socioemocional (interpessoal e intrapessoal). Dentre as competências estão o pensamento crítico e o poder de tomar decisões, saber negociar e trabalhar em equipe, ter empatia e resiliência.

Para que os alunos nutram essas habilidades, a escola precisa encontrar caminhos para motivá-los e incentivar sua independência. Também é importante que os professores lancem desafios e nutram um ambiente questionador e investigativo em sala de aula.

Estações de aprendizagem: Maria Montessori


Em pequenos grupos, alunos trabalham em estações de aprendizagem que proporcionam variados olhares sobre um único tema.

Associada à Educação Infantil, a abordagem Montessori foi pioneira ao trabalhar com áreas de aprendizagem: contém as áreas de linguagem, matemática, vida prática, sensorial, entre outras. As crianças podem circular por entre as estações, tentando novas atividades sempre que a anterior deixa de ser desafiadora. Por não serem separadas por idade, alunos maiores e menores aprendem juntos; enquanto isso, o professor é orientado a intervir o mínimo possível, permitindo que a criança experimente e teste soluções.

Podemos observar vários traços, nessa metodologia desenvolvida no final do século 19 pela médica italiana Maria Montessori, nas ditas tendências na educação. A primeira é deixar que cada aluno siga seu ritmo e seus interesses, crendo que, uma vez que ele domine uma habilidade, o novo, o desafiador, será naturalmente interessante.

Outra característica é a presença de estações de aprendizagem, hoje relacionadas ao Ensino Híbrido. Com tecnologia, estudantes de todos os níveis podem se beneficiar de aulas mescladas, em que pequenos grupos circulam por diferentes áreas de trabalho sobre um mesmo tema – enquanto, em uma estação, os alunos fazem exercícios online ou assistem a vídeos, em outra, desenvolvem um projeto em grupo e, em uma terceira, conversam com o professor para receber orientação, por exemplo (entenda a rotação por estações de aprendizagem aqui, em um infográfico gratuito).

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