Por que usar as redes sociais em sala de aula?

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Redes sociais na escola

Paula Furtado criou uma plataforma de cursos online para educadores que queiram usar tecnologia. Em sua coluna de hoje, ela provoca reflexões: por que e como aplicar redes sociais na sala de aula?

Não é novidade que os professores têm sido cada vez mais cobrados para que, de alguma forma, façam uso das tecnologias em suas salas de aula. Nesse contexto, as redes sociais têm sido pauta recorrente como mais um desafio.

Conversando sempre com professores, pude perceber que há uma nuvem de questionamentos quando o assunto é sobre redes sociais. Mesmo que haja sugestões de atividades e planos de aula disponíveis na web, ainda restam dúvidas sobre o que usar e o que não usar, quando usar, como usar; enfim, dúvidas para as quais não há respostas exatas, já que estamos situados em um cenário social híbrido de intensa transformação minuto a minuto.

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Redes sociais fazem parte do mundo. Então, precisam fazer parte da escola.

É fato que as redes sociais fazem parte da vida de milhares de pessoas pelo mundo e que, através delas, novas formas de comunicação e atuação social estão sendo possíveis. Por essa forte presença, elas influenciam, em muitos casos, o modo como vemos o mundo e como nos relacionamos com ele.

Nesse caminho, vemos que é relevante considerá-las no programa escolar de alguma maneira, uma vez que pretendemos que os alunos que estamos formando tenham boas condições de participação social em qualquer que seja sua futura profissão.

Não há uma fórmula para seguir (aliás, em educação, nunca há), mas listei alguns pontos para reflexão para quando for preciso tomar a decisão de utilizar redes sociais em atividades:

  • Objetivos de aprendizagem: a sugestão é ter os objetivos de aprendizagem sempre muito claros e, após a definição, avaliar quais ferramentas são mais adequadas para potencializar a aprendizagem. Com relação às redes sociais especificamente, é interessante investigar se os objetivos que foram definidos dão margem ao seu funcionamento como rede de relações e não necessariamente às suas ferramentas (confira aqui uma sugestão da Fundação Lemann para deixar claros os objetivos de aprendizagem).
  • Contextos dos alunos: sabemos que o que funciona em uma sala de aula, não necessariamente funcionará em outra. Cada grupo de alunos tem seu contexto – inclusive, seu contexto digital: busque compreender como eles já usam as redes sociais, quais usam e para que fins; assim, ficará mais fácil aproximar-se da realidade híbrida deles.
  • Não queira saber mexer em tudo: muitos professores enviam emails à Mupi perguntando o que podem fazer para estar sempre atualizados quanto ao que está acontecendo no mundo da tecnologia. O que respondemos é “aproxime-se de seus alunos”. Não necessariamente o professor precisa conhecer profundamente o funcionamento técnico de todas as redes sociais, mas é importante que conheça como aquilo circula socialmente. E ninguém melhor que os próprios alunos para mostrar a ele. Além disso, sugerimos o estudo contínuo sobre o assunto em blogs, cursos online (como os gratuitos de nosso portal) e presenciais.
  • A decisão de participar e como participar: usar redes sociais automaticamente insere a pessoa em um mar de relações, inclusive inesperadas. Como professor, é importante estar atento a isso, lembrando que os limites do privado e do público são tênues, o que pode deixar expostas situações desagradáveis. Uma sugestão é possuir dois perfis (um para a vida pessoal e outro para adicionar os muitos alunos); outra é atentar-se às regras e ferramenta de privacidade e usá-las de modo a filtrar o que é visto para cada grupo de contatos (como a divisão de públicos). Mas o importante é estar consciente do que se deseja ou não que circule por aí.

Acredito que fazer o uso de redes sociais em atividades em que isso seja adequado pode abrir uma gama de possibilidades para termos uma formação crítica contínua dos alunos. É possível analisar o conteúdo que circula nelas e investigar seu impacto através das mensagens que ele passa, dos caminhos em que circula e do alcance que teve.

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No mundo das redes sociais, tudo pode ser considerado um tipo de mídia (inclusive a própria pessoa). A todo instante, há inúmeras mensagens sendo comunicadas e inúmeras leituras possíveis sobre elas. Trazer isso para a sala de aula é possibilitar que as competências sociais (tão importantes em uma sociedade digital) sejam desenvolvidas e repensadas.

Mas quais são essas competências?

Bom, isso é assunto de pesquisa em tempo real; no entanto, separei algumas definidas pelo autor Henry Jenkins, em sua obra Confronting the Challenges of Participatory Culture: Media Education for the 21st Century (2006), que podem inspirar nos planejamentos de aula:

  • Multitasking – ser multitarefas no sentido de ter uma visão geral sobre os ambientes (por exemplo de uma página de rede social) e ter a habilidade de controlar a mudança de foco em buscas específicas.
  • Julgamento – a capacidade de avaliar e de investigar a credibilidade e a confiabilidade de diferentes fontes de informação.
  • Performance – a capacidade de adotar posturas e identidades alternativas ou de improviso com o propósito de pesquisa e descobertas.
  • Apropriação – a capacidade de ressignificar as mídias que circulam e remixar seus conteúdos (como, por exemplo, os memes ou situações em que compartilhamos um conteúdo específico e o ressignificamos de alguma forma, até mesmo pelo texto que inserimos junto ao compartilhamento).
  • Negociação – a capacidade de navegar entre diferentes comunidades, com discernimento e respeito pelas múltiplas perspectivas.
  • Navegação Transmídia – a capacidade de acompanhar o fluxo das narrativas em diferentes plataformas (como por exemplo, ver como uma notícia é contada nas diferentes redes sociais).

* Paula Furtado tem formação em Letras pela Unicamp e é mestra em Linguística Aplicada (sob orientação da prof. dr. Denise Braga), na área de novos letramentos, tecnologia e material digital na mesma universidade. Possui 6 anos de experiência profissional como professora e com a produção de material e-learning e design instrucional. É co-fundadora da Mupi, que oferece cursos de tecnologia educacional. Denise e Paula são as novas colunistas do InfoGeekie e chegam para contribuir com as possibilidades da tecnologia em sala de aula.

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