O que significa (realmente) o uso de tecnologia na educação

Colunas

Por Leonardo Freitas*
Imagine a seguinte situação: você é o gestor de uma rede de escolas que prega a tecnologia e a modernidade (gestor é meio que um eufemismo… você é o dono mesmo!). Encantado com as novas possibilidades apresentadas pelo representante comercial do fornecedor, você se enche de animação, prepara o bolso e investe pesado num aparato de tecnologia de última geração. Tudo pronto e suas salas ficaram iguais à sala de comando da S.H.I.E.L.D (se a referência não colou, assista ao filme “Os Vingadores”) e lá está você, pronto para recolher os louros do sucesso. E o que aconteceu?
Nada! Ninguém usa suas salas. Quando muito, um ou outro professor exibe slides tímidos, reproduz músicas, acessa um videozinho e tal. Mas não passa disso. De hipotética, essa situação não tem nada: vivenciei isso algumas vezes, da mesma forma como relatei. Óbvio que eu não era o dono, nem tampouco o investidor. Eu era, como sempre, o professor que estava ali, todos os dias com os alunos. E aprendi, na prática, que tecnologia em sala não quer dizer equipamentos ou recursos. Quer dizer, acima de tudo, criatividade. E eu mesmo era alguém que subaproveitava o aparato!
Muitas vezes busquei textos e explanações dignas de um doutorado em Harvard para usar em apresentações cheias de firulas do Power Point. E lá ia eu, com meu pendrive carregado de slides técnicos, apostilas e fichamentos encarar turmas de ensino médio às 7h15 da manhã de um sábado de sol. Óbvio que o resultado era pífio! O aprendizado poderia até acontecer, mas o tédio estava ali, lado a lado. E no auge da minha fúria pedagógica eu culpava o sistema; as pobres almas que não se dignavam do meu saber; os pais que não incentivavam os filhos; a escola, que não sabia me valorizar… culpava a todos, menos a pessoa que era realmente a “culpada” por esse pequeno entrave: eu mesmo!
Como assim? Eu não era o cara que se esforçava para trazer o conteúdo mais tecnicista possível, minimamente formatado pela ABNT, dentro dos slides mais chiques possíveis? Sim, eu era. E aí é que estava o meu maior erro: achar que a pura tecnologia poderia incrementar minhas aulas. Ao acordar para a verdade (tema de uma coluna futura) vi que uma aula encantadora (e tecnológica) tem muito mais paixão que ciência. Óbvio que o conhecimento tem de estar lá, mas saiba dosá-lo! Disponha dos recursos como seus aliados. Entenda que o saber, por si só, está ao alcance de um simples clique no atalho do navegador de um celular, tablet ou computador. O mundo todo está ali na internet, mas há uma coisa que gadget nenhum consegue fazer: sentir!
Eu só comecei a me sentir realizado como profissional e desenvolvi verdadeiro amor pelo que faço quando retirei de mim o negativismo e adotei na prática quem sou. Aceite-se! E acima de tudo: seja criativo, ousado, inovador. Enriqueça suas aulas com diferentes recursos. Não tenha medo do novo, do engraçado – atrevo-me a dizer, até do ridículo. Dá muito trabalho, claro. Mas o resultado aparece. E como! Busque ser o melhor no que faz, com humildade para aprender e ensinar. Reconheça que a tecnologia é sua aliada e que ela veio para ficar! E, quando chegar o momento de colher os frutos do seu esforço, registre! Que tal criar um blog? No mesmo filme que citei anteriormente, o personagem Tony Stark diz: “Todo mundo precisa de um hobby!”. Quem sabe você não descobre, na tecnologia, o seu?  Pode até ser que você não construa uma armadura e saia por aí salvando o mundo como o Homem de Ferro, mas, se descobrir os prazeres de usá-la no seu dia a dia, já vai estar de ótimo tamanho.
*Leonardo Freitas é graduado em Letras pela Universidade Católica, com especialização em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília. Leciona há exatos 16 anos, e desde pequeno queria ser professor. Já passou por todos os níveis, desde o fundamental I ao superior. Hoje, trabalha com seis turmas de 8º ano em uma escola particular de Brasília.

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