Micro-escolas: novo modelo com foco em habilidades atrai famílias

Colunas
Micro-escolas Thiago Chaer

Micro-escolas: Especialista em empreendedorismo educacional, Thiago Chaer comenta os diferenciais das micro-escolas, que chamam atenção nos EUA pelo foco em habilidades e conexão com a comunidade local.

Recentemente, realizamos uma pesquisa com um grupo de pais de crianças de 0 a 6 anos de uma cidade do interior de São Paulo, hoje com mais de 250 mil habitantes e renda per capita de R$ 36 mil – ou seja, de alto poder aquisitivo e boa infraestrutura. Nosso objetivo era descobrir qual o modelo de escola ideal para essas famílias e apresentar alternativas de escolas inovadoras. Foi durante essa investigação que nos deparamos com o conceito de micro-escolas que, apesar do foco em Educação Infantil, possuem ensinamentos valiosos para todo nível de ensino. 

Ao realizar as entrevistas, chamamos alguns pais já haviam matriculado seus filhos em escolas de Educação Infantil e conheciam a experiência escolar. Outros eram pais de primeira viagem e/ou eram professores em escolas de Educação Básica. Para descobrir o que os pais pensavam sobre as escolas e qual era o seu ideal, utilizamos o design thinking, um conjunto de métodos e processos que auxilia no entendimento das necessidades das pessoas e na cocriação de uma solução.

Para a nossa surpresa, os pais tinham muitas ideias de como deveria ser a escola ideal para os seus filhos. O que desejavam era mais simples do que imaginávamos.

Os principais pontos da escola ideal se baseavam no respeito à individualidade, na interdisciplinaridade, experiências práticas, artes, esportes não competitivos, vivência com a natureza e uma maior participação dos pais na aprendizagem dos filhos e nas atividades da escola.

Percebemos, então, o surgimento de um novo formato de escolas inovadoras, em que a tecnologia por si só não é diferencial – são as habilidades e competências envolvidas que conquistam a família.

Nos Estados Unidos, desde 2014, um novo formato de escolas tem despertado interesse de pais, alunos e até de investidores como Mark Zuckerberg (fundador do Facebook): é o chamado micro-schools ou tiny schools (micro-escolas, em português).

Esse modelo, aparentemente, não difere muito das escolas aqui no Brasil; inclusive, recentemente foram reconhecidas pelo MEC como escolas inovadoras. Todas adotam a aprendizagem por projetos (clique aqui para ler mais sobre PBL – Project Based Learning), são multietárias e trabalham no desenvolvimento da autonomia da criança.

Leia mais: Pensamento visual desenvolve a autonomia do aluno!

No entanto, existe algo mais interessante nesse modelo, que é a sua  adaptabilidade, que mais precisamente se traduz em uma escola:

  • Ágil na tomada de decisão – Isso significa que elas conseguem responder prontamente às necessidades de pais, alunos e professores;
  • Sustentável – Escolas que sempre operam com custo baixo de implementação e operação.
  • Arrojada – É uma escola que está sempre se reinventando para atender às novas gerações.

A principal característica das micro-escolas é se ajustar à realidade local (cidade ou bairro), oportunizando a experimentação de soluções de aprendizagem inovadoras e a avaliação qualitativa do resultado educacional de forma sistêmica: criança-família-sociedade-educação.

Nenhuma escola convencional consegue avaliar seu impacto de forma sistêmica, mas uma escola criada para atender aos interesses e ao futuro de uma geração, sim!

Inovação e tecnologia são parte do mesmo movimento – na escola, ele representa um novo olhar para o processo de aprendizagem, que permite a experimentação e o erro.

Você sabe por quê a tecnologia avança mais do que os modelos de ensino? Na tecnologia o erro é uma premissa, ele vai acontecer! Ao programar um software, um desenvolvedor (por mais competente que seja) sempre verá um erro em sua tela. Constantemente errando e acertando, fazendo e refazendo, é que podemos criar algo novo, desenvolver novas competências e habilidades necessárias para o presente e para o futuro. Se olharmos para os modelos de ensino mais tradicionais, a inovação – tanto do ponto de vista da gestão quanto da pedagogia – não é reconhecida como um processo de melhoria da qualidade da Educação, mas sim um problema que deve ser evitado.

Essa entropia institucional vivenciada pela Educação atual demonstra que existe uma confusão no entendimento entre os termos inovação e tecnologia, pois, para muitos, uma pode estar dissociada da outra… O que não é verdade. Não existe nenhuma inovação sem tecnologia! Explico: segundo o dicionário Michaelis, tecnologia é: 1) Conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos a arte, indústria, educação; 2) Conhecimento técnico e científico e suas aplicações a um campo particular; 3) Aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral. Em outros dicionários encontramos definições semelhantes. Portanto, pedagogia e educação são tecnologias. Por quê elas não avançaram com as tecnologias digitais?

Leia mais de Thiago Chaer:

* Thiago Chaer possui mais de 15 anos de experiência em inovação e tecnologia digital. É sócio-fundador e CEO da Future Education, aceleradora de startups de educação. Atua como palestrante e mentor de startups de EdTech. Já trabalhou com grandes instituições, entre elas o Parque Tecnológico de Itaipu, FIEP, Sesi/PB, Senac/SP, Sinepe/ES, Universidade Positivo, Prefeitura de Itanhaém, Sicredi e Sinepe/PR. É diretor do comitê de EdTech na ABStartups e e membro da Comissão de Especial de Educação Digital na OAB (2016-2019), sendo coautor do Compromisso de Privacidade de Dados Educacionais.

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