Investigação Apreciativa e a seriedade do brincar e celebrar em sala de aula

Colunas
Investigação apreciativa

Inovação, novos paradigmas, abordagens e aprimoramento. Não é pouco comum observarmos na educação uma quantidade de informações que nos move para reflexões de melhorias com base em novas práticas e olhares.

Como educador, você já teve a sensação fugaz de sentir-se inspirado em testar uma nova prática em sala, mas ao mesmo tempo com medo de errar ou desnorteado com tanta opções?

A abordagem da Investigação Apreciativa, técnica usada com facilitação da comunicação e trabalho em equipe nas organizações, reforça a importância de que em toda resolução de um problema o modelo de pensamento deve ser “apreciativo”, ou seja, sempre contemplar o que já foi feito e que teve impacto positivo e como tais atitudes podem ser mais frequentes.
Se você se identificou com o que foi lido, muito provavelmente também utiliza a abordagem apreciativa em suas práticas docentes com sua equipe.
Na visita às escolas tenho visto a importância de atitudes positivas da aprendizagem, em seus mais diversos níveis, como fundamental para estimular a criatividade e o teste de diferentes formas do pensar ou do fazer. Isso traz mais leveza ao processo de resolução de problemas, o que pode afetar positivamente até mesmo sua qualidade.
O desenvolvimento destas características também se assemelham muito com a função cognitiva do próprio “brincar”. Não é de hoje que ouvimos a importância na primeira infância das atividades lúdicas, criativas e até mesmo “relaxadas”. O livro “O Território do Brincar” evidencia grandes contribuições dessas atividades na vida e desenvolvimento de crianças em todos os cantos do país. Talvez a novidade esteja no fato de que essas brincadeiras também podem acarretar em uma série de benefícios aos adultos também.

Muitas vezes, nós, adultos, não mais nos permitimos a tais atitudes, mergulhados em uma infinidade de responsabilidades e talvez com uma certa dose de medo ou vergonha.

O Instituto Alana evidencia que até mesmo os mais velhos, quando exercitam pequenas brincadeiras, entram em contato com estímulos muito semelhantes aos das crianças. Além da risada ou a diversão em si já ser justificativa suficiente para praticarmos mais estes hábitos, também é válido acrescentar o ganho na criatividade e o rompimento de algumas barreiras que usualmente nos trazem medo ou tensão. A quebra dessas barreiras pode nos encoraja ainda mais a testar algo novo nem sempre temos a confiança de experimentar.
Para dar vazão a estas ideias também é importante a criação de espaços seguros para a prática.
Nem sempre em sala de aula temos todo tempo ou condições para inovar com propósito. Mesmo assim, vale lembrar que, em nosso papel como educadores, também fazemos parte de uma equipe de colegas com missões similares.
Talvez seja por isso que cada vez mais vislumbramos vivências de grupo com atividades “só para diversão” (just for fun), ou ambientes que preocupam-se em ter um visual divertido, colorido e relaxado.
Um exemplo conhecido é a empresa Zappos, um e-commerce grande de sapatos, que um dos grandes pilares da cultura foi “estimular mais diversão entre os colegas de trabalho”; primeiro porque um “saquinho de risadas” faz bem para a vida, mas também porque eles achavam que colaboradores mais descontraídos conseguiam atender melhor seus clientes, principalmente em situações de emergência.
Quem já teve a oportunidade de visitar a sede da Geekie e viu os instrumentos musicais espalhados, as mesas de pebolim, e outros adereços sabe que diversão é coisa séria. Com uma missão de tanta responsabilidade como a nossa de sermos educadores, nada mais importante do que praticarmos internamente esta dose de alegria fugaz em rotinas de diversão. O momento do foco não é menos importante, mas pode ser mais livre e criativo com este mix de estímulos. Por outro lado, é necessário entendermos que, para que possamos ajudar integralmente mais instituições de ensino, é fundamental praticar cada vez mais o olhar para as práticas incríveis que já são estabelecidas em cada contexto. Na linha de praticar o que desejamos ver no mundo, na Geekie estabelecemos um ritual de reconhecimento – ao final de toda semana nomeamos e agradecemos àqueles colegas de trabalho, ou mesmo escolas, que fizeram coisas incríveis ou que nos ajudaram!
Já tive o privilégio de participar de dinâmicas super empolgantes em algumas escolas em que o ambiente da sala dos professores era tão inspirador quanto as salas de aula, e a relação de respeito e admiração entre os colegas de trabalho era visível.
As retrospectivas de fim de ano são um momento marcante para revisar tudo que precisa ser melhorado ou revisto. Ao passo que estes rituais de final de ano também são extremamente fundamentais para revisitar esforços realizados, os aprimoramentos alcançados e atitudes exemplares que marcaram a história.
A prática de realizarmos este olhar mais apreciativo e divertido entre equipes de professores e educadores nos ajuda a ficar mais “afiados” para estimularmos a mesma abordagem com nossos alunos, sem perder de vista a responsabilidade com o processo de aprendizagem e possivelmente mais abertos ou encorajados para testar algumas dinâmicas em sala que nos instigam.
Na linha de apreciação, em nome da equipe Geekie, agradeço e dedico a nossa admiração para vocês, educadores, pela missão, dedicação e avanço na aprendizagem dos estudantes.
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* Paula Gonçalves iniciou sua trajetória com a educação e os negócios de impacto na graduação de Relações Internacionais, quando foi coordenadora do projeto PAS de educação de Jovens e Adultos. Durante os 3 últimos anos na Geekie, contribuiu para a construção das áreas de atendimento e engajamento de escolas. Hoje, Paula facilita workshops na áreas de Sucesso do Usuário e engajamento do Amani Institute, onde também completou sua pós graduação em Gestão e Inovação Social. Também atua como Relações Institucionais da ONG Centros Etievan de Educação Integral para Primeira Infância. Além disso, apoia a equipe Consultoria Pedagógica da Geekie.

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