Ferramentas digitais criam pontes entre aluno e educador

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Ferramentas digitais ponte alunos e professores

Falamos o tempo todo sobre ferramentas digitais, novidades e tendências do mundo virtual que possuem o potencial de transformar práticas pedagógicas. Em paralelo, também já enfatizamos, aqui no InfoGeekie, que a formação de professores é essencial para o sucesso de tecnologias educacionais – em 2015, a pesquisa Tendências da Vida Virtual na Educação, realizada com gestores de 956 escolas públicas e 147 escolas privadas pelo Brasil, comprovou essa necessidade. Nela, a formação de professores aparece como fator número um para aumentar do uso de ferramentas digitais na educação (36%).

Por outro lado, educadores também concordam que há escassez de cursos para suprir a demanda das escolas. Verdade, a tecnologia educacional está no centro dos debates na maioria dos eventos sobre inovação escolar (como a Bett Brasil Educar e o TEDxSãoPaulo); esses, porém, são encontros pontuais, cuja função é inspirar e despertar curiosidade, não fornecer uma visão mais operacional das ferramentas – como acessar, quais escolher, quando utilizar, como organizar a turma e assim por diante.

Para preencher esse vácuo, surge a Escola Mupi, que oferece cursos virtuais gratuitos sobre tecnologia na educação!

O projeto nasceu com as sócias Ana Rute Mendes, formada em Midialogia, e Paula Furtado, formada em Letras e mestra em Linguística Aplicada. Desde o princípio, as empreendedoras contaram com a mentoria da professora Denise Braga, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Para Denise, a busca por formação tecnológica vem de anos atrás – foi ela quem implantou a linha de pesquisa Linguagens e Tecnologia na universidade e, ainda em 2000, lançou o curso online Read in Web. Durante o desenvolvimento do curso, contou com a ajuda de sua orientanda… A Paula! Esse primeiro trabalho pavimentou o caminho para a criação de outros cursos e, com o tempo, da Escola Mupi.

“Falta apoio ao professor nesse cenário maluco”

Paula diz que o primeiro grande aprendizado ao começar a Mupi foi perceber que professores precisavam de apoio para inserir a tecnologia em sua rotina pedagógica. “Eles já sofrem muita pressão na sala de aula e, agora, aparece também a pressão para acompanhar tantas novas formas de ensinar e aprender”, explica. Muito mais urgente do que a compra de novos aparelhos tecnológicos, concordam as três, é a formação para que educadores saibam potencializar o material que já está à disposição. 

“Não adianta trazer o equipamento se você não forma o professor pra essa nova mentalidade”, afirma Denise. “A minha preocupação maior como formadora é ver uma linha interessante de ensino ser desperdiçada”. Os educadores que procuram a Mupi aprendem a mexer em ferramentas que, provavelmente, seriam consideradas bastante simples por seus alunos – e esse recorte é intencional. O objetivo é que o professor esteja próximo do aluno, utilizando as mesmas redes e a mesma linguagem; a diferença, por exemplo, entre usar um aplicativo de voz para substituir o ditado e criar projetos via Twitter.

“O educador quer saber como usar as coisas que os alunos estão usando. Onde os jovens estão, do que participam na internet. E como aplicar as novas metodologias sobre as quais ele lê numa realidade de sala de aula tão distante do papel”.

Outros cursos abordam a criação de memes (imagens divertidas populares na internet), podcasts e como remixar vídeos.  Ferramentas digitais como o Google Docs e o Trello servem tanto à sala de aula quanto à gestão escolar e, finalmente, há os cursos teóricos que discutem a educação no século 21 e a metodologia PBL (ou problem-based learning, a aprendizagem através de situações-problema).

“O educador quer saber como usar as coisas que os alunos estão usando. Onde os jovens estão, do que participam na internet. E como aplicar as novas metodologias sobre as quais ele lê numa realidade de sala de aula tão distante do papel”, resume Paula.

“O aluno precisa de ajuda para criar pontes”


Celular já é o aparelho mais usado por jovens para acessar a internet e pode ser uma ferramenta de aprendizagem em sala de aula.

Mudanças culturais ocasionadas pela tecnologia vão chegar à escola, ela querendo ou não: chegam junto com os alunos, que carregam para o ambiente de aprendizado as experiências de seu cotidiano, ainda que a prática pedagógica não reconheça ou acolha essas transformações.  “Partimos do ponto de vista de que não podemos mais negar a tecnologia porque ela faz parte da vida das pessoas. Veja o celular, por exemplo” – desde 2015, o aparelho se tornou o principal meio de acesso à internet entre jovens de 9 a 17 anos. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online, 82% dos brasileiros nessa faixa etária utilizam o celular. 

Entretanto, ainda que eles passem o dia conectados com smartphones, computadores e tablets, alunos ainda precisam de ajuda para usar ferramentas digitais com propósitos educacionais. Denise entende que “o aluno usa programas para entretenimento e comunicação, mas não sabe usá-los para estudar. Ele não sabe fazer essa passagem entre ambientes”. O desafio do professor vai além do operacional, é ser capaz de construir essa ponte.

O professor Daniel Nadaleto, que ensinava ciências para o 6º do Ensino Fundamental II quando fez o curso “Tecnologia para Sala de Aula” com a Escola Mupi, em 2015, encontrou caminhos para engajar os alunos: criou o blog Star Wars Alvorada (aproveitando um interesse da turma) e passou a gravar conteúdos no formato de podcasts. Podcasts, inspirados em programas de rádio, são gravações de áudio que ficam disponíveis na internet, normalmente produzidas em série. Em 2016, o portal passou a reunir videoaulas para a turma de 7º ano.

“Tentamos mostrar para o professor que, se ele enveredar por esse caminho, ele também vai ter uma rotina escolar mais interessante”.

Afinal, uma característica intrínseca da inovação educacional é estar em constante evolução; o que funcionou uma vez não é garantia de sucesso por muito tempo. Isso significa mais trabalho para o professor? Não necessariamente. “Tentamos mostrar para o professor que, se ele enveredar por esse caminho, ele também vai ter uma rotina escolar mais interessante”, conclui Denise.

“Entender ferramentas digitais aumenta chances de autonomia”

Ana, Paula e Denise não defendem que a tecnologia vai, por si só, revolucionar a escola. Por outro lado, acreditam que, no século 21, compreender as linguagens e relações inerentes às ferramentas digitais aumenta as chances de o aluno agir socialmente e desenvolver sua autonomia. Sobre isso trata o curso “Reflexões sobre tecnologia, educação e sociedade“, até hoje o de maior sucesso na Escola Mupi.

Outros cursos gratuitos:

Como utilizar Twitter em sala de aula

O curso traz para os educadores a oportunidade de aprender mais sobre o funcionamento da rede social Twitter e também em como utilizá-la em diferentes tipos de atividades em sala de aula. Saiba mais sobre as aulas aqui.

Objetos de aprendizagem

Além de oferecer uma breve revisão sobre o conceito de Objetos de Aprendizagem, o curso traz muitas dicas de repositórios gratuitos que disponibilizam diferentes mídias (como vídeos e curta-metragens) para uso em sala de aula. Além disso, os educadores entrarão em contato com a ferramenta Pinterest, com sugestões de como utilizá-la na área da educação. Saiba mais sobre as aulas aqui.

A partir deste mês, Denise Braga e Paula Furtado serão colunistas no InfoGeekie. Uma vez por mês, teremos artigos sobre as possibilidades da tecnologia para o processo de ensino-aprendizagem e as novas formas de trabalho escolar no século 21! Conheça melhor nossas parceiras:

Denise Braga é professora titular do Departamento de Linguística Aplicada da Unicamp onde atua como docente e pesquisadora desde 1980. Desde 1996 dedica-se ao estudo do impacto das tecnologias digitais nas formas de comunicação e nas metodologias de ensino, com ênfase na produção de materiais digitais para estudo automonitorado. Foi criadora e coordenadora do curso digital Read in Web, patenteado pela Unicamp em 2014 e registrado como software livre.

Paula Furtado tem formação em Letras pela Unicamp e mestra em Linguística Aplicada (sob orientação da prof. dr. Denise Bértoli Braga), na área de novos letramentos, tecnologia e material digital na mesma universidade. Possui 6 anos de experiência profissional como professora e com a produção de material e-learning e design instrucional.

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